sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pressuposto

O teu medo, minha vontade.
Você se esconde, eu mantenho a força do querer, tocar, sentir.
A cidade aposta na nossa insegurança, eu continuo a pulsar.
Cada tentantiva, uma ilusão. Você ameaça surgir, eu latejo.
Teu ato, meu efeito.
Minha perdição te incomoda, meus hábitos me arrebatam.
Minando as chances ou possibilidades, são pequenas brigas, me levam a perder o que ainda não conquistei.
Pouca fibra, incerteza, não lutar, cair de receio, ceder.
Não me adianta prever se não posso te convencer.
Se ainda houvesse um molde, uma receita, uma regra... ah, se houvesse um jeito de te mostrar.
Quero mais sorte no cruzamento, quero pé de coelho, acreditar no acaso pra te levar.
O que mais vier, é trevo.
Nós de vento.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ônibus vazio

De mão dadas.
Se toda história começasse em união, as mãos não sentiriam frio.
O espaço em tempo ocupado por você é doce.
Um fio de cabelo que cai, o sol que reflete no vidro da janela e dispersa a atenção, o olhar, o pedido implícito de que a vontade fosse recíproca.
O balaçar que incomodava no começo, adormece os dois corpos fatigados
O lugar desconhecido, o medo de se perder, o medo de te acordar longe de casa.
De mãos dadas. E eu não conseguia te acordar. Porque eu estava sonhando que aquilo era verdade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Descampado

O adeus nunca esquecido, a constante razão pra chorar.
Conter em si e não apagar, não se opor.
Ente amado até (fazer) cessar.
E depois de enjaular memórias e entenguir o coração, continua latente.
Todo dia.
Rasgo entre leveza e tormenta, os olhos se fecham em sinal de displicência, exaustão.
A preparação longa feita pela mente na tentativa de encontrar agudeza de espírito, plena paz. Que se faz tão utópica.
Inacabado. A tua vida acabar, veio a repartir a minha.
Repartir. Partindo de mim, levando nós.
Leve. Me leve também.


Vela que se apaga, luz que derrete minha saudade.
Lânguida flor a renascer com as pétalas enterradas na terra. Desertificar (me).