sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quase anjos

"Nem se tivesse três corações."

Isso não é uma conversa, não há debate. Você se julga sábio demais pra dar margem à outra verdade.
A forma que sustenta os olhos na direção da alma é o que me tira a paz.
Com isso, diz que sou o quinhão ruim, a maçã podre no cesto, e usa minha falta de orientação pra prevalecer.
Todo Outubro deve ser feito de lama. Você olha pro céu e só vê o inferno.
Não entende como posso correr em direção ao amor e à indiferença na mesma velocidade, ainda se questiona como foi parar dentro de "quase um coração", um paraíso e um báratro.
Não vou te contrariar. As histórias vão se repetindo e você só diz que me avisou. Você sempre ganha.

E, como posso me defender de tais "verdades", quando só faço afirmá-las?

No fim das contas, ou fim da tarde, a pergunta era: "posso ser anjo?"

sábado, 17 de abril de 2010

Reserva

Há sempre alguém a observar. Na esquina, no frio da noite, à espera do caos.
Sem notar que os pés entrelaçam na terra aos poucos, de modo a formar raízes no chão. Ela derrete. Ao contrário da serpente que virou pedra esperando, você derrete. Não consegue fazer-se ouvir, mas ressoa ao vento cada noite que passa em cinza, nas ruas que anda, no trabalho, no quarto a dormir. Triste cinza por não ter sido fogo antes, por não ter brilho nos olhos ao ver chama, não houve chama, apenas cinza. Tens músicas, poesias, inspirações finas, clássicas. Mas cadê sua voz para cantá-las?
Não foi a semente que te fez árvore, nem o calor que te derreteu. O fogo não fez tuas noites cinzas. Teus ruídos não formam harmonias.
Abandone a esquina, a espera, e vá atrás do fogo.

domingo, 11 de abril de 2010

Ao meu amor.

Ela era minha única certeza.
Sabe quando tudo que você acredita, confia ou ama, some?
Quando você acha que não tem mais nada, nem ninguém? Era a hora que eu tinha ela.
E ela nunca faltou.
Ela era minha filha, minha irmã, minha amiga, minha mãe. Eu sentia nela um pouco de tudo isso.
Era minha felicidade, nunca me fez mal e eu sabia que jamais faria.

Era o que eu tinha de mais puro e verdadeiro na vida.

E tão linda, como ela era linda. Eu passava horas deitada perto, só olhando pra ela. Você tinha que ter conhecido.

Acho que tenho mesmo é que ser grata à ela, por tudo que ela foi pra mim. Pelos anos que me acompanhou, me amou e me ensinou a amar.

Ela foi minha maior lição de vida e de amor.
Amor no sentido total da palavra, do sentimento e todas as coisas boas que ele agrega.

E, como eu disse enquanto me despedia dela: eu vou amar e levar comigo pra sempre.